Os termos de origem indígena aparecem em diversas áreas da nossa língua, como em nomes de utensílios, objetos, comidas, crendices, seres fantásticos, moléstias, fenômenos naturais, nomes de lugares, nomes de pessoas e outros nomes próprios, espécimes da fauna e da flora, frases feitas e ainda termos de uso geral. Além disso, há numerosos casos de verbos híbridos, formados com raízes indígenas, principalmente tupis, e terminações portuguesas.
Pare com este nhen-nhen-nhen. A expressão vem do verbo nhe’eng (falar, piar) e significa pare de ficar falando, de falar sem parar.
O velho jogo de peteca, que é um pequeno saco cheio de areia ou serragem sobre o qual se prendem penas de aves, tem este nome devido ao verbo petek — golpear ou bater com a mão espalmada. É com a palma da mão que se joga o brinquedo.
Velha coroca é uma velha resmungona. O termo nasceu do verbo kuruk, que significa resmungar.
O verbo cutucar, em português, origina-se do tupi kutuk, cujo significado original — furar, espetar — modificou-se ligeiramente. Em português, cutucar é tocar com a mão ou com o pé.
Estar jururu é estar melancólico, tristonho, cabisbaixo. O termo indígena aruru, de onde surgiu a palavra, tem o mesmo sentido.
Várias palavras mantiveram pronúncia e significado praticamente originais: mingau (papa preparada geralmente com farinha de mandioca), capim, mirim (que significa pequeno) e socar (do verbo sok, com o mesmo significado).
A expressão “estar na pindaíba” muito brasileiro conhece: significa estar em graves dificuldades financeiras. É uma expressão que vem das palavras pinda’yba — vara de pescar (pindá, isoladamente, significa anzol).
Antigamente, quando a pobreza abatia as populações ribeirinhas, era comum se tentar tirar a subsistência do rio, pescando para comer ou para vender o pescado. Segundo os pesquisadores, a expressão nasceu no período colonial brasileiro, em que o tupi em sua forma evoluída conhecida como “língua geral” era falado pela maioria dos brasileiros.
A perereca recebe esse nome simplesmente porque ela pula. Vem do verbo pererek, pular, que é também a origem do Saci-Pererê que, por não ter uma perna, anda aos pulos.
Palavras de origem indígena no nosso dia-a-dia
A: abacaxi, açaí, acará, aipim, amendoim, ananás, Anhangabaú, Anhanguera, Aracaju, Araçatuba, arapiraca, araponga, arapuã, arapuca, arara, Araraquara
B: babaçu, baiacu, beiju, bocaiuva, Boiçucanga, boipeba, boipiranga, boitatá, Boituva, boiuna,
C: caatinga, Caçapava, caetê, caiçara, caipora, caju, Camboriú, capão, capim, capivara, capixaba, capoeira, Caraguatatuba, carioca, carnaúba, Catanduva, Catanduva, catapora, cauim, cipó, cuia, cuíca, cumbuca, cunhã, cupim, cupuaçu, curumim, curupira, cururu, cutia
E: Embaúba, Embu
G: gabiroba, graúna, guapeba, guará, Guaraciaba, guarajuba, Guaratinguetá, guariba, guri, gurijuba
I: iara, ibirapinima, Ibirapuera, Ibirarema, Ibiúna, igapó, Igaraçu, igarapé, Iguaçu, ipê, Ipiranga, Iracema, Irapuã, irara, Itaberaba, Itaim, Itaipu, Itamaracá, Itanhaém, Itapecerica, Itapemirim, Itapeva, Itapuã, Itaquaquecetuba, Itaquatiara, Itatinga, Itaúna
J: jaburu, jabuti, jabuticaba, jaçanã, jacarandá, jacaré, Jacareí, jacu, Jacupiranga, jacutinga, jaguar, jaguaretê, Jaguariúna, jaguatirica, jararaca, jararacuçu, jatobá, jenipapo, jerimum, jiboia
M: mandioca, Maracanã, maracujá, mingau, Mogi
P: paca, paçoca, pajé, Paquetá, Paranaguá, Paranapiacaba, Parnaíba, pereba, perereca, peroba, Piauí, picumã, pindaíba, Pindamonhangaba, piracema, Piracicaba, pirajuba, piramboia, piranha, Pirapora, pirarucu, Pirassununga, Piratininga, pitanga
Q: quati
S: sabiá, Saci-Pererê, sagui, saúva, siri, suaçu, suçuarana, taba
T: Tamanduateí, tapera, tapioca, taquara, Taquaritinga, tatu, tatuí, tatupeba, taturana, Tijuca, tiririca, tocaia, tucano, Tupã
U: Ubatuba, Uberaba, Ubirajara, Ubiratã, uirapuru, urubu