A palavra “máfia” tem origem no dialeto siciliano, onde inicialmente tinha um significado positivo, relacionado à valentia, coragem ou orgulho. Alguns estudiosos acreditam que sua raiz pode vir do árabe “mahjas”, que significava algo como “audácia” ou “orgulho feroz”. Essa hipótese é plausível, considerando que a Sicília foi dominada por árabes entre os séculos IX e XI, influenciando fortemente o vocabulário local.

Conforme explica o linguista e historiador Salvatore Lupo, especialista na história da máfia, esse termo começou a adquirir conotações negativas somente a partir do século XIX, quando passou a ser associado a organizações clandestinas que atuavam na Sicília Ocidental, especialmente entre os anos de 1820 e 1848.

A estrutura da máfia tradicional

Com o tempo, a palavra passou a designar não apenas uma atitude ou traço de personalidade, mas sim uma organização criminosa estruturada, composta por diversas “cosche” ou famílias mafiosas. Cada cosca era formada por cerca de 10 a 12 membros, chamados de picciotti, que atuavam como soldados ou afiliados.

No topo dessa hierarquia estavam os padrini ou os chamados “pezz’i novanta” — expressão popular que significa “peixe grande”, isto é, os líderes influentes da organização. A estrutura mafiosa baseia-se em princípios como a omertà (lei do silêncio) e a lealdade absoluta à organização.

A máfia não é apenas uma organização criminosa: ela se infiltra na política, na economia e até em setores legítimos da sociedade, exercendo poder e controle de forma muitas vezes invisível.

Impacto cultural e social

Ao longo dos séculos, a máfia se espalhou para fora da Itália, especialmente durante os fluxos migratórios do século XX. Famílias mafiosas italianas se estabeleceram nos Estados Unidos, no Brasil, na Argentina e em outros países, dando origem a grupos como a Cosa Nostra, a ’Ndrangheta e a Camorra — cada uma com suas próprias regras e território.

Além disso, o tema da máfia ganhou força na cultura popular através de filmes como “O Poderoso Chefão” (The Godfather) e séries como “Os Sopranos”, que romantizam ou denunciam as práticas do crime organizado.


Fontes: Lupo, Salvatore. History of the Mafia. Columbia University Press (2009), Treccani Enciclopedia Italiana (treccani.it), Etimologia italiana (etimo.it) e Accademia della Crusca (.accademiadellacrusca.it)

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