Coragem tem origem no latim vulgar coraticum, derivado de cor, que significa “coração”. Esse termo latino era associado à ideia de que o coração era o centro das emoções, da vontade e, especialmente, da bravura. Assim, coraticum expressava a ação movida pelo coração, ou seja, uma atitude tomada basicamente de forma impensada, por ímpeto, guiado não pela razão, mas pelo coração, com impulso emocional, não necessariamente com base na razão.
Com o tempo, essa raiz evoluiu no francês antigo como corage (século XII), preservando a ideia de agir com o coração. Essa evolução semântica atravessou os séculos, carregando diferentes significados, incluindo, em certos contextos medievais, associações com a ira, a paixão e o desejo, até se fixar no significado que conhecemos hoje: a capacidade de agir mesmo diante do medo.
Importante observar que coragem não significa ausência de medo, mas sim a disposição de agir apesar dele. Em oposição a esse conceito está a covardia, entendida como recuo ou inação diante do temor.
Na tradição europeia medieval, o coração era visto não apenas como sede das emoções, mas também da inteligência e da força moral. Daí a expressão “Coração de Leão”, como ficou conhecido Ricardo I da Inglaterra (Ricardus Cor Leonis), símbolo de bravura e liderança militar. O epíteto destaca justamente essa concepção simbólica do coração como fonte de coragem.
Palavras relacionadas à ideia de coragem
O estudo etimológico de palavras associadas ao conceito de coragem ajuda a aprofundar a compreensão do vocabulário e das nuances culturais que ele carrega:
Bravura – Vem do italiano bravo, que significava originalmente “atrevido, audacioso”, e possivelmente tem raízes no latim bravus, variante de pravus (“depravado, desonesto”). Interessantemente, a conotação mudou com o tempo, ganhando sentido positivo de valor e destemor.
Audácia – Do latim audacia, formada a partir de audax (“atrevido, corajoso”), que deriva do verbo audere, “atrever-se”. Aqui vemos a conexão direta entre ação e risco.
Ousadia – Também ligada ao verbo latino audere, sofreu transformação fonética no latim vulgar (ausare), dando origem à forma portuguesa atual. Expressa a disposição de enfrentar desafios, geralmente com destemor.
Arrojo – Termo de origem controversa, mas aceita-se que venha do latim rotulare (“fazer girar, lançar girando”), ligado a rota (“roda”). Em português, adquiriu o sentido figurado de lançar-se com vigor e determinação, quase como um ato impulsivo.
Heroísmo – Origina-se do grego hḗrōs (ἥρως), que inicialmente significava “semideus” e, por extensão, “defensor, protetor”. Essa raiz remonta à base indo-europeia ser- (“proteger, vigiar”), que também aparece em palavras como “servo” e “serviço”. O herói, portanto, é aquele que serve e protege, muitas vezes com coragem extraordinária.
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