Vamos explorar a origem de alguns nomes que fazem parte do nosso dia a dia, mas que quase nunca paramos para questionar. Entender a etimologia e o contexto histórico de cada termo é uma forma divertida de redescobrir o que está bem diante dos nossos olhos, ou, neste caso, ao nosso redor na sala, no quarto e na cozinha.

Mesa

A palavra “mesa” vem do latim mensa, que também significava “mesa” no sentido de móvel usado para refeições, escrita ou outras atividades. Curiosamente, a palavra “mesada”, aquela quantia de dinheiro dada regularmente aos filhos, não tem a ver com mensa, mas sim com mens, que em latim significa “mês”. Ou seja, “mesada” quer dizer literalmente “quantia mensal”.

Já os mesários, aquelas pessoas que atuam nas eleições organizando os procedimentos, recebem esse nome por ficarem atrás das mesas de votação, e aí sim, a origem é mensa.

Cadeira

“Cadeira” vem do latim cathedra, que significa literalmente “assento com braços” ou “cadeira de autoridade”. Era um tipo de assento reservado a figuras importantes, como professores ou autoridades religiosas.

Por isso, até hoje, usamos o termo “cátedra” para nos referirmos à posição de um professor em uma universidade, e “catedrático” é o título dado a certos professores de alto nível acadêmico.

Além disso, em português, a palavra “cadeiras” também pode ser usada informalmente para indicar a região do corpo sobre a qual nos sentamos, ou seja, que se apoia na cadeira!

Banco

A palavra “banco” vem do germânico banka, que originalmente significava “mesa”. Com o tempo, como essas mesas também eram usadas para sentar, o termo passou a designar um assento sem encosto, exatamente como conhecemos hoje.

O diminutivo “banqueta” deriva da mesma raiz, indicando apenas um tamanho menor, sem mudança significativa na função.

Na Idade Média (e mesmo antes), os cambistas e comerciantes de empréstimos realizavam seus negócios sentados atrás de uma mesa em feiras ou praças. Essa prática deu origem ao uso da palavra banco para designar instituições financeiras.

E quando esses comerciantes iam à falência, havia um gesto simbólico: “quebrava-se a mesa” deles, o que originou a palavra “bancarrota”, do italiano banca rotta, literalmente “mesa quebrada”.

Escabelo

Pouco usada atualmente, a palavra “escabelo” designa um banquinho bem baixo, ou um apoio para os pés, vindo do latim scamnum, que significava “estrado”. Nos romances medievais, o escabelo aparece como o pequeno assento onde o trovador (ou menestrel) se sentava para tocar alaúde e cantar para a princesa.

Mas nem sempre era só romance: dependendo do humor do rei, o final da serenata podia ser… fatal. Afinal, nem todo artista conquistava o trono sem riscos!

Cama

A palavra “cama” vem do latim cama, que significava uma cama estreita, possivelmente de origem ibérica. Importante: palavras parecidas nem sempre têm ligação! Por exemplo:

  • Camaleão vem do grego kamailéon, que significa “pequeno leão”, e nada tem a ver com cama.
  • Camarada, por sua vez, vem do grego kamára, que designava um quarto ou espaço abobadado. Era uma pessoa de confiança com quem se podia compartilhar o mesmo quarto, daí o sentido de amizade e companheirismo.

Cabide

O cabide é aquele objeto indispensável para manter a organização das roupas e evitar que elas acabem espalhadas pela casa. O nome vem do árabe qabda, que significa “garra” ou “gancho”, descrevendo muito bem sua função e formato.

Importante não confundir: A “galinha à cabidela” não tem nada a ver com cabide! O nome vem do árabe kabid, que significa “fígado”, ingrediente fundamental nessa receita, que leva os miúdos da galinha, especialmente o próprio fígado.

Mancebo

Hoje em dia, essa palavra é pouco usada para se referir a móveis, mas “mancebo” pode designar um tipo de cabide de chão, usado para pendurar roupas, chapéus e acessórios. Etimologicamente, vem do latim mancipius, de manu captus, que quer dizer “agarrado pela mão”, ou seja, feito prisioneiro.

Durante o domínio romano, os prisioneiros mais jovens e fortes eram capturados e transformados em escravos. Muitos acabavam nas cidades, onde serviam nas casas como auxiliares, verdadeiros “suportes” do lar. Por isso, o termo “mancebo” passou a se referir tanto ao jovem servo quanto ao móvel de apoio.

Com o tempo, o significado evoluiu, e mancebo passou a indicar também um homem jovem. Quanto aos outros “serviços” que esses jovens eventualmente prestavam enquanto o senhor estava fora… deixamos isso para os historiadores (ou para as novelas).

Armário

Originalmente, o armário era um móvel usado para guardar armas, daí o nome. Com o tempo, seu uso se ampliou e passou a servir para guardar todo tipo de objeto. Hoje, seja na cozinha, no quarto ou no banheiro, o armário continua sendo sinônimo de organização.

Gaveta

Um bom armário quase sempre tem gavetas, mas você sabia que essa palavra tem origem naval?
Gaveta vem do latim gabata, que era um prato raso de madeira usado em navios durante a Idade Média. A palavra chegou ao português por meio do italiano gavetta.

Com o tempo, a ideia de “recipiente raso e móvel” passou a ser associada às partes deslizantes dos móveis, e assim nasceu a gaveta como conhecemos hoje.

Estante

Outra peça comum e útil é a estante. A palavra vem do latim stare, que significa “estar de pé” ou “ficar firme”. A função da estante é justamente essa: manter-se erguida e suportar livros, objetos e decoração.

Quando dizemos que algo está instável, usamos o prefixo in- (negação) + stare, ou seja, literalmente não está de pé”, “não está firme”. Um lembrete de que até a linguagem precisa de equilíbrio!

Prateleira

A prateleira é uma estrutura horizontal usada para apoiar objetos e é sinônimo de estante em muitos contextos. Existem duas teorias sobre a origem da palavra:

A mais aceita é que venha de “prato”, já que, antigamente, pratos e louças eram frequentemente organizados sobre essas divisórias.

A outra hipótese é que derive de “pratel”, um termo antigo para um utensílio de metal branco, relacionado à palavra “prata”.

Seja como for, até hoje ela continua firme e forte nas nossas casas!

Aparador

O aparador é um móvel geralmente estreito e comprido, colocado contra a parede para sustentar ou dispor objetos decorativos, pratos ou utensílios. A palavra vem do verbo latino aparare, que significa “preparar, dispor”. Ou seja, é um móvel que serve para “aparar” (segurar, apoiar) o que colocamos sobre ele. Muitas vezes, ele assume uma função próxima ao buffet, nosso próximo item.

Buffet

Muito comum em restaurantes de serviço self-service, o buffet é também o nome de um móvel tradicional, onde alimentos e utensílios são dispostos para servir convidados.

A palavra é francesa, de origem incerta, e foi incorporada ao português já com o sentido atual. Tentou-se uma versão aportuguesada: “bufete”, mas ela acabou ficando restrita a contextos formais (como em “escritório de advocacia”). No dia a dia, “buffet” com grafia francesa continua reinando.

Balcão

O balcão é aquele móvel ou estrutura longa e elevada que encontramos em cozinhas, bares e comércios. A palavra vem do lombardo balko, que significa “trave” ou “estaca”, e chegou até nós através do italiano balcone. Curiosamente, em espanhol moderno, balcón é o que nós chamamos de “sacada”, aquela extensão externa de um apartamento ou casa.

Bar

O bar é praticamente um balcão especializado para bebidas. A origem do nome vem do francês antigo barre, que significa “obstáculo” ou “barreira”. Essa “barreira” era o móvel que separava os clientes dos atendentes em tavernas e servia de apoio para servir as bebidas.

Em inglês, o termo bar também se refere ao tribunal, ou mais especificamente ao estrado que separa o juiz e os advogados do público, uma ligação simbólica entre o espaço físico e a função.

Roupeiro

Nada mais direto: o roupeiro é o lugar onde se guarda a roupa. Mas e roupa, de onde vem essa palavra? Ela tem origem no germânico raupjan, que significava “despojar” ou “arrancar as vestimentas”. Mais uma herança linguística que nos conecta às práticas guerreiras dos povos germânicos.

Escrivaninha

Hoje em dia, ela foi muitas vezes substituída pela mesa do computador, mas a escrivaninha já foi o centro da vida intelectual. Seu nome vem do latim scribanus, que significava “aquele que escreve”, ou seja, o escrivão. Ainda usamos esse móvel em alguns contextos formais ou nostálgicos, mas também o chamamos de “birô”, uma adaptação do francês bureau.

Birô

O birô é uma palavra que surgiu como aportuguesamento do francês bureau, mas sua origem remonta ao tecido burel — uma lã grosseira usada para cobrir as mesas de trabalho dos escriturários no passado. O nome burel vem do latim burrus, que significa “avermelhado”, e está relacionado ao grego pyros, que significa “fogo” — talvez uma referência à cor do tecido ou ao processo de tingimento. Hoje, o birô é o nome dado ao móvel de trabalho, também conhecido como “escrivaninha”.

Sofá

O sofá tem uma origem interessante: vem do árabe çuffa, através do francês sofa. Originalmente, a palavra se referia a uma almofada grande colocada sobre estrados de madeira. Com o tempo, esse arranjo evoluiu para o que hoje chamamos de sofá, ou seja, o móvel confortável onde podemos nos sentar, relaxar e socializar.

Poltrona

A palavra “poltrona” tem sua origem no italiano poltro, que significa “cama”. Originalmente, a poltrona era um tipo de sofá feito para acomodar uma só pessoa, com uma estrutura mais reclinada, como uma cama confortável. Com o tempo, a palavra passou a ser associada a pessoas que gostavam de passar o dia relaxando e evitavam a atividade física.

De forma figurada, o termo “poltrão” acabou sendo usado para descrever uma pessoa preguiçosa ou covarde, já que, na visão popular, alguém que preferisse descansar o tempo todo provavelmente não teria coragem para lutar.

Closet

Closet é uma palavra que entrou para o vocabulário moderno, especialmente em referências a armários ou pequenos quartos para guardar roupas. Ela vem do inglês close, que por sua vez tem origem no latim claudere, que significa “fechar”.

A ideia por trás de closet é um espaço fechado, um local dedicado à organização e armazenamento de roupas, proporcionando um espaço pessoal para se vestir e guardar os itens de forma ordenada.

Criado-mudo

O termo “criado-mudo” designa aquela pequena mesa ao lado da cama, usada para apoiar objetos como livros, luminárias ou copos d’água. A origem do nome é controversa, mas uma das explicações mais aceitas é que se trata de uma tradução livre da expressão inglesa dumb waiter.

Na Inglaterra, esse termo podia se referir tanto a um pequeno elevador de alimentos quanto a um móvel auxiliar silencioso e discreto — como se fosse um “criado que não fala nem escuta”. Na expressão, dumb significa “mudo” ou “sem fala”, e waiter, “criado” ou “atendente”.

Assim, o nome “criado-mudo” passou a se referir a esse móvel discreto, sempre presente, mas sem “interferir” ou “responder” — tal como se espera do objeto.

Curiosidade linguística: o adjetivo mudo vem do latim mutus, que significa exatamente “aquele que não fala”.

Tapete

Embora “tapete” não seja exatamente um móvel, ele é um item essencial na decoração e no conforto de uma casa. A palavra tem origem no latim tappetum, que por sua vez vem do grego tápēs (τάπης), com o significado de “coberta ou tecido espesso”. Na antiguidade, esses tecidos eram usados tanto no chão como nas paredes, servindo para decorar, aquecer ou proteger os ambientes.

Procurando um professor de idiomas?

Aprenda um novo idioma no seu ritmo, com aulas personalizadas e um professor que se encaixa no seu orçamento e agenda. Comece hoje mesmo!

Ver professores disponíveis
Share.