Judia tem origem no latim Iudaea, feminino de Iudaeus, que significa “judeu”. Na origem clássica, referia-se a uma mulher pertencente ao povo judeu, tanto no aspecto étnico quanto religioso.
Em determinados registros históricos, especialmente na Península Ibérica, o termo passou a ser associado a uma “capa mourisca”, ou seja, um tipo de veste utilizada por povos muçulmanos (os chamados “mouros”) que habitaram regiões de Portugal e Espanha entre os séculos VIII e XVI. Esse uso reflete a influência cultural árabe na Ibéria medieval e mostra como o vocabulário se entrelaça com contextos históricos e culturais.
Em alguns dialetos e regiões, “judia” também é usado para designar espécies da fauna, como o pássaro tico-tico (nome popular para diversas aves do gênero Zonotrichia) e um tipo de peixe, embora esses significados sejam menos difundidos.
A palavra “Judía” no espanhol
Já no espanhol, a palavra judía (com acento gráfico) apresenta significados distintos:
O uso mais comum é o de um tipo de leguminosa, especialmente o que chamamos em português de feijão-fradinho (também conhecido como feijão-de-corda ou feijão-de-vista), muito presente em pratos típicos como o acarajé. Na Espanha, porém, o termo pode ser usado genericamente para diversos tipos de feijões, como as judías verdes (vagens) e judías pintas (feijões-rajados).
Este é um exemplo claro de falsos cognatos — palavras que se assemelham entre duas línguas, mas possuem significados diferentes.
Nomes próprios na culinária
A tradição de nomear alimentos com nomes próprios femininos ocorre em diversas regiões de língua portuguesa, especialmente no Brasil. Isso revela traços culturais e afetivos ligados à linguagem e à culinária. Alguns exemplos:
- Mariamole: além de nome de planta em algumas regiões, refere-se também a um doce brasileiro feito com clara de ovo, açúcar e coco, cuja consistência lembra um marshmallow caseiro.
- Maria-Isabel: prato típico do estado do Piauí, feito com arroz, carne-seca desfiada e temperos regionais. A origem do nome pode estar ligada a personagens locais ou ao costume de dar nomes femininos a pratos “caseiros”, reforçando laços culturais e familiares.
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