Assim como a língua falada em Portugal e no Brasil possuem diferenças, os países de língua espanhola também possuem muitas diferenças. A Espanha e quase todos os países da América Latina têm a mesma língua oficial: o castellano, que conhecemos popularmente como “espanhol”. Mas é evidente que os habitantes desses países não falam todos de maneira homogênea. Cada país tem suas particularidades, e é sobre elas que nós vamos falar aqui.
Essas diferenças, muitas vezes, têm raízes históricas. Os espanhóis colonizaram a América Latina, mas esse processo se deu de maneiras diferentes em cada país. E essas diferenças se refletem ainda hoje em vários aspectos da sociedade, incluindo o idioma.
Antes, no entanto, é preciso dizer que devido à complexidade do tema, não seria possível falar aqui de todas essas diferenças, veremos apenas como são ditas certas coisas em um país ou outro.
A seguir uma pequena lista de palavras diferentes entre vários países de língua espanhola:
Saia – Falda (Espanha, Chile, México, Uruguai, Venezuela), Pollera (Chile, Argentina, Uruguai);
Camiseta – Camiseta (Espanha, México, Uruguai), Remera (Argentina, Uruguai), Chomba (Argentina), Polera (Chile), Franela (Venezuela), Buzo (Uruguai);
Calcinhas – Bragas (Espanha), Bombachas (Argentina, Uruguai), Calzones (Chile, México), Pantaletas (México, Venezuela), Blumer (Venezuela)
Sutiã – Sostén (Espanha, Chile, Uruguai, Venezuela), Corpiño (Argentina, Uruguai), Sutién (Argentina, Uruguai), Soutién (Argentina, Uruguai), Brassiere (México, Venezuela), Brassier ou Brasier (México), Sujetador (Espanha)
Jaqueta (de frio) – Cazadora (Espanha), Campera (Argentina, Uruguai), Casaca (Chile), Chamarra (México), Chaqueta (Venezuela)
Bife – Filete (Espanha), Bife (Argentina, Uruguai), Bistec (Espanha,Chile, México, Venezuela), Beaf-steak (Chile), Churrasco (Uruguai)
Manteiga – Mantequilla (Espanha, Chile, México, Venezuela), Manteca (Argentina, Uruguai)
Pão de forma – Pan de molde (Espanha, Chile, Uruguai), Pan de miga (Argentina), Pan bimbo (México), Pan cuadrado (Venezuela)
Calçada – Acera (Espanha), Vereda (Argentina), Banqueta (México)
Carro – Coche (Espanha), Auto ou Carro (América Latina)
Pêssego – Melocotón (Espanha, Venezuela), Durazno (Argentina, Uruguai, Chile, México, Venezuela)
Banana – Plátano (Espanha, Chile, México), Banana (Argentina, Uruguai), Cambur (Venezuela)
Ônibus – Autobús (Espanha), Bus (Colômbia), Camión (México), Guagua (Porto Rico, Rep. Dominicana, Cuba), Colectivo (Argentina), Liebre (Chile)
Caneta – Bolígrafo, Boli (Espanha), Pluma (México), Esfero (Colômbia), Lapicera (Argentina)
Computador – Ordenador (Espanha), Computadora (América Latina)
Morango – Fresa (Espanha, México, Venezuela), Frutilla (Argentina, Chile, Uruguai)
Mamão – Papaya (Espanha, Chile, México, Uruguai), Mamón (Argentina), Lechosa (Venezuela)
Suco – Zumo (Espanha), Jugo (Argentina, Chile, México, Uruguai, Venezuela)
Feijão – Judía (Espanha), Alubía (Espanha), Habichuelas (Espanha), Poroto (Argentina, Chile, Uruguai), Frijol (México), Caraota (Venezuela)
Lavabo – Lavabo (Espanha), Lavatorio (Chile, Argentina), Lavamanos (Venezuela, México)
Cachorro-quente – Perrito caliente (Espanha), Hotdog (Chile, México), Pancho (Argentina), Perro caliente (Venezuela)
Piscina – Piscina (Espanha), Alberca (México), Pileta (Argentina)
Panela – Puchero (Espanha), Olla (América Latina)
Bicicleta – Chancha (Chile), Bicla (México), Bici (Argentina), Chibo (Cuba).
Milho – Maíz (Espanha), Choclo (Argentina, Chile, Uruguai), Elote (México), Jojoto (Venezuela)
Diferenças fonéticas
Na área fonética, há algumas diferenças também. Se comparado ao espanhol da Espanha, por exemplo, palavras com as letras “LL” são pronunciadas como o “LH” brasileiro, enquanto no Chile, Argentina e Uruguai a pronúncia muda para o som de “J”. O prato paella, por exemplo, se pronuncia “paelha” na Espanha, “paeja” na Argentina e “paedja” no restante da América Latina.
Observe que mesmo com algumas diferenças de vocabulário e pronúncia, quem aprende o espanhol da Argentina consegue se comunicar tranquilamente com alguém do México ou Chile, por exemplo. Confira a seguir outras diferenças marcantes:
Espanha
Uma característica do espanhol da Espanha que o diferencia do espanhol de outros países é o uso do “vosotros”. Não apenas o pronome, mas a segunda pessoa do plural. Nos outros países, essa conjugação é raramente usada — mesmo na Argentina, que usa o pronome “vos” na segunda pessoa do singular.
Além disso, o espanhol da Espanha diferencia a pronúncia do “Z” e do “S” — algo que geralmente não se faz em outros países que falam o idioma. O “S” no espanhol da Espanha tem o mesmo som do nosso “S” em palavras como “sopa” ou “sapo”. Já o “Z” tem um som parecido com o “th” em inglês, podemos dizer que “você morde a língua para falar”. Em outros países que falam espanhol, o “Z” é pronunciado da mesma maneira que o “S”.
México e América Central
Até hoje, o México ainda tem uma grande população indígena. As civilizações pré-colombianas, quase exterminadas com a colonização do continente, compartilhavam características culturais e linguísticas que nunca desapareceram por completo, e ainda são bastante presente na cultura do país. Isso, naturalmente, se reflete no idioma.
Isso dá ao espanhol mexicano um sotaque um pouco mais “rápido”. E isso vale para o resto dos países da América Central também, já que os povos pré-colombianos ocupavam um território que se estendia até mais ou menos onde fica hoje o Panamá.
Caribe
O espanhol caribenho se diferencia dos demais por ter, em sua formação, uma grande influência de populações negras de distintas regiões da África. A região servia como uma espécie de entreposto comercial por onde passavam escravos vindos do continente.
Além disso, os escravizadores preferiam capturar pessoas e juntá-las em grupos de línguas diferentes. Assim, os escravizados não conseguiam se comunicar com facilidade entre si para planejar fugas ou rebeliões. Por isso, em países como Cuba, República Dominicana e Porto Rico, o “sotaque africano” ainda é muito forte.
América do Sul
Embora haja semelhanças entre os espanhóis falados nos países sul-americanos, cada um tem algumas particularidades. A Venezuela, por exemplo, fala um castellano muito tradicional e castiço na sua capital Caracas, mas têm vários sotaques nas regiões do interior.
Países como Peru e Equador usam muitas palavras puxadas do português, como a interjeição “poxa!”. Ela tem o mesmo significado, mas é pronunciada um pouco diferente — algo como “putxa!”. O Chile, por sua vez, tem uma série de gírias particulares usadas com muita frequência, o que faz com que ele seja difícil de entender, às vezes até para falantes de espanhol de outras regiões.
O Chile também se aproxima de outros países da região do rio Prata (como Argentina, Uruguai e Paraguai) na pronúncia de alguns sons. A letra “y” de palavras como “yo” (eu) ou “desayuno” (café da manhã) tem nessas regiões um som mais próximo do nosso “x”. Na Argentina também é comum a aspiração do “s” quando ele aparece em frente do “t”, em palavras como “estudiar” ou “viste”. E por lá também é comum o uso do pronome “vos” no lugar do “tu”.
Via Estudar Fora