Aprender uma segunda língua (L2) é um desafio muita gente enfrenta ao longo da vida, seja nas aulas da escola, em viagens internacionais ou através de aplicativos de idiomas. Motivações para adquirir um novo idioma não faltam, assim como os resultados alcançados que podem ser muito diferentes de pessoa para pessoa.
Curiosamente, a grande maioria das pessoas adquiriu sua primeira língua (L1) de maneira natural e fluente, sem precisar de esforço consciente, e muitas vezes nem percebe o quanto esse processo foi complexo. Por que, então, aprender uma segunda língua parece tão mais difícil?
Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre o aprendizado da primeira e da segunda língua, para você entender melhor esses desafios e descobrir estratégias que realmente funcionam.
Qual é a diferença?
O “conteúdo” de uma língua, sons, palavras, gramática, normas conversacionais, etc., é o mesmo, seja aprendido como L1 ou L2. Porém, salvo raras exceções, praticamente todos os indivíduos aprendem sua L1 de forma bem-sucedida e quase sem esforço. Claro, existe variabilidade nas habilidades dos falantes nativos, mas essas diferenças são muito menores do que as enormes diferenças entre aprendizes de L2.
Ou seja: as diferenças individuais em L1 tendem a ser pequenas e muito menos perceptíveis do que entre aprendizes de L2.
Neste artigo, são apresentadas as quatro principais diferenças entre a aprendizagem da primeira e da segunda língua.
Idade de aquisição
A primeira grande diferença é a idade de aquisição (AoA), ou seja, a idade em que a pessoa começa a aprender o idioma. Pesquisas mostram que quanto mais jovem se inicia o aprendizado, maior é a probabilidade de atingir um alto nível de proficiência. Quanto mais tarde, menor tende a ser a habilidade na língua.
No caso da L1, quase todos começam a aprender cedo, em geral nos primeiros anos de vida. Já na L2, a variação é enorme: uns começam aos 4, outros aos 14, 24, 34 ou até 84 anos. Em geral, quanto mais cedo se começa a L2, melhores são os resultados, mas há muitos outros fatores em jogo.
Contexto de aprendizagem
Aprender a primeira língua se dá quase sempre de uma única forma: por imersão, convivendo com a família e o ambiente, ouvindo e interagindo. Já nas L2, há uma variedade de contextos: imersão no exterior, aulas presenciais, aplicativos, filmes, músicas, flashcards, etc. Cada contexto pode gerar diferentes resultados, e a frequência das interações com falantes nativos, por exemplo, facilita o desenvolvimento da fluência.
Tempo de exposição
O tempo de exposição ao idioma é outra grande diferença. Crianças aprendendo a L1 estão totalmente imersas na língua, enquanto quem aprende uma L2 pode ter contato somente em aulas semanais ou situações pontuais. Mesmo entre quem estuda em grupos, o tempo, dedicação e envolvimento podem variar bastante. Além disso, não conta apenas a quantidade, mas também a qualidade e a diversidade da exposição.
Fatores afetivos
Os fatores emocionais e internos também influenciam. Crianças têm menos inibições e ansiedade ao aprender a L1, não se preocupam com erros. Adultos aprendendo uma L2 geralmente ficam mais ansiosos e temem errar diante dos outros, mas isso varia muito entre pessoas. Motivação e autoconfiança também pesam: há quem aprende por vontade de se integrar a uma nova cultura (motivação integrativa) ou por motivos práticos (motivação instrumental), como trabalho ou estudo.
O grau de motivação e de ansiedade, assim como o contexto, influencia fortemente os resultados na L2.
Essas quatro diferenças – idade de aquisição, contexto de aprendizagem, exposição e fatores afetivos – explicam por que aprender a primeira língua costuma ser um processo natural e uniforme, enquanto aprender uma segunda língua gera resultados muito diversos. Outros fatores, como diferenças cognitivas individuais e semelhanças entre L1 e L2, também influenciam, mas as quatro abordadas são fundamentais.
Original: 4 Key Differences Between First and Second Language Learning – Mango Languages (em inglês)
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