Os falantes nativos do inglês que se recusam a aprender um segundo idioma devido à forma como o idioma se tornou universal estão perdendo uma grande oportunidade de desenvolvimento.
Enquanto a maioria dos aeroportos do mundo possuem traduções de todas as placas para o inglês, e os habitantes dos mais diversos países se dirigem aos turistas em inglês, resistir ativamente a aprender outro idioma é uma concepção egocêntrica e míope.
De fato, saber outra língua é muito mais do que encontrar a alfândega ou descobrir onde fica o banheiro, ou a loja de lembrancinhas mais próxima. As motivações comuns para aprender um idioma são geralmente relacionadas ao turismo, carreira, negócios e estudos acadêmicos. Todos estes são motivos realmente válidos, mas o valor de um idioma está muito além do mercado de trabalho.
Para iniciantes, aprender um idioma pode ajudar a entender melhor o seu próprio idioma. Em qualquer língua, existem certas convenções de sons, sintaxes e significados que são inerentes às essas respectivas comunicações. Em inglês, existem cerca de 44 sons ou fonemas únicos, e a maioria dos falantes nativos de suas principais variedades sabe como e quando fazer esses sons, naturalmente.
Como esses aspectos são naturais para o falantes nativos, eles não precisam pensar na posição da língua ou nas diferenças sutis de nasalização que constituem sons diferentes. Ao aprender um novo idioma, no entanto, os falantes são apresentados a um novo conjunto de sons que não são mais naturais para eles.
Por exemplo, o francês tem mais de 36 fonemas, amplamente diferentes dos encontrados em inglês. Ao se aprofundar na pronúncia francesa, os falantes de inglês não apenas aprendem sobre a extensão do aparato fonético humano na criação de todos os tipos de sons diferentes, mas também entendem como o som funciona em seu próprio idioma. À medida que os falantes começam a expandir esse dicionário de sons aprendendo novos idiomas, fica cada vez mais fácil pronunciar palavras em ainda mais idiomas.
Um idioma também é uma ferramenta forte para transmitir pensamentos. Os poliglotas são geralmente questionados em que idioma pensam. A resposta é: todos eles. Isso ocorre porque uma língua, assim como o som, vem com um formato especificado de transmissão de pensamentos e ideias. O inglês é um idioma sujeito-verbo-objeto, o que significa que uma frase que soaria natural para quem fala inglês como “I like apples” (Eu gosto de maçãs). Para um japonês, que usa a sintaxe sujeito-objeto-verbo, a frase pode ser “I apples like” (Eu maçãs gosto).
Essas variações permitem que os alunos avaliem o papel de cada palavra nas frases de sua língua nativa. Com o tempo, esses formatos começam a expandir as possibilidades de pensamento, raciocínio e conhecimento.
Essa expansão da mente também pode ser encontrada no vocabulário. Os alunos de idiomas tendem a pensar em aprender palavras como um processo de encontrar uma tradução para cada palavra. A verdade é que aprender um novo idioma vai muito além da tradução, não apenas aprendendo a pensar em um novo “dicionário”, mas também encontrando palavras que expressam ideias com as quais você não estava familiarizado ou que são específicas de uma cultura.
Além disso, os benefícios de aprender um idioma vão além da compreensão de si mesmo. A língua também nos dá uma perspectiva de uma cultura diferente. Nelson Mandela disse certa vez: “Se você fala com um homem numa língua que ele entende, o recado entra em sua mente. Se você fala com um homem na língua nativa dele, o recado atinge seu coração”.
Conversar com uma pessoa de uma cultura diferente na língua desta pessoa ajuda a compreender sua experiência e coloca você no lugar dela de uma maneira que de outra forma não seria possível.
Assim, a linguagem se torna não apenas uma questão de comunicação e natureza humana, mas também de cidadania global. Constitui uma ferramenta indispensável para perceber um mundo mais amplo do que aquele em que uma única língua nos limita o pensamento e não nos deixar perceber a grandeza da diversidade de ideias e conhecimentos.
Por Laurisa Sastoque em Why you should learn a new language (em inglês)