O nosso “vermelho” vem do latim vermiculus, diminutivo de vermis (“verme”). Essa palavra também existe em inglês, francês, etc., mas não é muito comum: vermillion.
A maioria das línguas europeias — há algumas exceções, como o basco e o finlandês — são descendentes do idioma protoindo-europeu, falado por uma etnia de cavaleiros que dominou as estepes da Rússia e se espalhou pela Eurásia 3 mil anos atrás.
No protoindo-europeu, vermelho se dizia *reudh. Essa palavra deu origem a rouge, red, rojo e, como já dá para imaginar, “roxo” e “rubro” em português. Já o nosso “vermelho” vem do latim vermiculus, diminutivo de vermis (que significa, é claro, “verme”). Essa palavra também existe em inglês, francês, etc. — mas se limita à boca de designers e artistas, e não é parte do vocabulário corrente: vermillion.
A explicação é que, na Antiguidade, a única maneira de se obter pigmento vermelho era esmagando um minúsculo inseto chamado cochonilha — cujo nome científico atual, não por coincidência, é Kermes vermilio. Porém, como sabemos, “inseto e verme são coisas diferentes”. Pois é, mas os romanos não pensavam assim: não existiam biólogos naquela época, e qualquer bichinho pequeno e abjeto acabava chamado de “verme”, sem muitas preocupações taxonômicas.
Camões, na época das Grandes Navegações, ainda usava roxo com o significado de vermelho: um de seus versos se refere à cor “roxo-sangue”; outro usa o nome para se referir à cor das flores de cravo. Mas o uso parece ter uma carga poética proposital, pois dicionários da época já indicavam o vocábulo “vermelho” em uso corrente na língua portuguesa.
*As palavras em protoindo-europeu são reconstituições feitas pelos linguistas. A etnia que falou esse idioma extinto não desenvolveu um sistema de escrita – e, portanto, não deixou registros. É por isso que toda palavra em protoindo-europeu vem acompanhada de um asterisco.