​A expressão popular “agora é tarde, Inês é morta” é amplamente utilizada na língua portuguesa para indicar que uma oportunidade foi perdida e que já não há mais nada a ser feito. Embora seja frequentemente usada no cotidiano, poucos conhecem a origem histórica e trágica que deu origem a essa frase.​

A trágica história de Inês de Castro

A origem da expressão remonta ao século XIV, em Portugal, envolvendo o príncipe Dom Pedro e Inês de Castro, uma dama galega da corte. Inês era dama de companhia de Constança Manuel, esposa de Dom Pedro. Mesmo após o casamento, Dom Pedro e Inês iniciaram um relacionamento amoroso que resultou no nascimento de quatro filhos. Após a morte de Constança em 1345, Dom Pedro passou a viver publicamente com Inês, o que gerou grande descontentamento na corte portuguesa.​

O rei Dom Afonso IV, pai de Dom Pedro, temia a influência da família de Inês, que tinha ligações com nobres castelhanos. Preocupado com a estabilidade do reino, o rei ordenou o assassinato de Inês em 1355, enquanto Dom Pedro estava ausente. Ao retornar e descobrir o ocorrido, Dom Pedro ficou devastado e iniciou uma rebelião contra seu pai, que só terminou com a intervenção da rainha-mãe, Dona Beatriz.

A vingança e a coroação póstuma

Em 1357, após a morte de Dom Afonso IV, Dom Pedro ascendeu ao trono como Pedro I de Portugal. Determinou vingar a morte de Inês, capturando e executando dois dos assassinos de forma brutal. Além disso, afirmou que havia se casado secretamente com Inês, legitimando seus filhos e concedendo-lhe o título de rainha póstuma.​

Uma das ações mais notórias de Dom Pedro foi a exumação do corpo de Inês, que foi vestido com trajes reais e coroado. Durante uma cerimônia solene, os nobres da corte foram obrigados a beijar a mão do cadáver, em sinal de respeito à nova rainha. Os restos mortais de Inês foram então trasladados para o Mosteiro de Alcobaça, onde seu túmulo foi colocado de frente para o de Dom Pedro, simbolizando que se encontrariam novamente no Juízo Final.

O significado da expressão

A frase “agora é tarde, Inês é morta” passou a ser utilizada para expressar a inutilidade de ações tardias, quando já não há mais solução possível para um problema. A expressão ganhou notoriedade e foi imortalizada na literatura portuguesa, especialmente na obra “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, onde se refere a Inês como “a que depois de morta foi rainha”.

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