Pode até parecer estranho, mas facínora não tem nenhum s. A base é fac-, do verbo latino facere (fazer). Facínora é um sujeito que faz. Do verbo facere deriva o substantivo facinus (genitivo facinoris), que significava, inicialmente, “ação”. Feito para usar uma palavra da mesma raiz, cognata.

Ora, uma ação, como se sabe, tanto pode ser boa como má. Daí suas vertentes semânticas: de início, “à boa parte” (como diziam os antigos), ação boa, façanha, proeza, e até “rasgo memorável”; e veja só com que adjetivos se casava esse substantivo: facinus pulcherrimum, magnum et memorabile, egregia facinora; e depois “à má parte”, ação culpável, atentando, crime ou “degeneração semântica”.

Facínora era, pois, em latim, o plural de facinus: “ações” – boas ou más. Como terá passado a “praticante de más ações”, “autor de crimes”, “criminoso”? Possivelmente, facínora derivou do adjetivo latino facinorosus = “que comete ações condenáveis”, “cheio de crimes”, “façanhudo” (de façanha, outro possível derivado de facere), “criminoso”. Seria mais um caso de derivação regressiva.

A palavra carrega os significados como substantivo de: homem perverso, assassino, um grande criminoso e como adjetivo: homem perverso, assassino, um grande criminoso.

O erro de escrever facínora com “sc” deve-se com certeza à analogia com “fascinar”, pobre verbo inocente que nada tem com a família dos bandidos.

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