Embora sempre acreditarmos que a capacidade de falar é inata aos seres humanos, um estudo da Universidade de Georgetown assegura que processamos a linguagem em sistemas cerebrais que também são utilizados para outros propósitos.

Quando observamos uma criança pequena falando suas primeiras palavras, somos convidados a pensar que esta capacidade de comunicação é inata aos seres humanos, pelo simples fato de termos nascido.

Porém, um estudo recente da Universidade de Georgetown revela que nós humanos processamos a linguagem através de circuitos cerebrais que também são utilizados para muitos outros propósitos, como, por exemplo, para aprender a montar em uma bicicleta ou para lembrar da lista de compras do supermercado.

Bilíngues tem cérebro mais saudável

Este estudo, publicado recentemente na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, foi capaz de demonstrar que crianças aprendem sua língua materna e os adultos aprendem um novo idioma através de circuitos cerebrais já existentes.

Além disso, acrescenta que estes sistemas cerebrais não são exclusivos dos humanos, já que também são encontrados em animais, como, por exemplo, em ratos, que os utilizam para cumprir diferentes tarefas, como aprender a navegar por um labirinto.

A pesquisa se concentrou na aprendizagem de idiomas em dois sistemas cerebrais: a memória declarativa e a memória de procedimentos (ou não-declarativa). E concluiu que quando somos capazes de recordar palavras de um idioma novo que estamos aprendendo, esta é uma tarefa desempenhada através da memória declarativa. Quer dizer, a mesma memória que utilizamos para lembrar que jantamos ontem ou da lista de coisas que precisamos comprar no mercado.

Nossos dois tipos de memórias

A memória de procedimentos, centrada no potencial mental de guardar e reunir dados que não podem ser expressos oralmente, é mais duradoura, fácil de ser conservada.

A memória declarativa, através da qual se retém na mente a ideia de saber que algo aconteceu, focalizada no dom humano de expor verbalmente acontecimentos, está submetida à prática da recordação, e é subdividida em memória imediata — que tem duração instantânea, sendo logo em seguida extinguida -; memória de curto prazo ou de trabalho, como prefere a Psicologia Cognitiva — leva algumas horas para desaparecer, legando à mente alguns vestígios de sua presença, apenas o necessário para ser lembrado e empregado utilmente pelo homem, e está conectada às nossas emoções, sensações e costumes -; memória de longo prazo — engloba intervalos de tempo mais amplos, meses ou anos.

As habilidades gramaticais que aprendemos desde pequenos junto a aprendizagem da nossa língua materna, guardam uma relação ainda maior com a memória de procedimentos. Ou seja, com a mesma memória que utilizamos para aprender outras tarefas, como andar de bicicleta ou tocar um instrumento musical.

Sobre os adultos que aprendem um novo idioma, este estudo revela que nesse caso esta habilidade se relaciona diretamente com a memória declarativa, nas primeiras etapas da aprendizagem e com a memória de procedimento nas etapas posteriores, quando avançamos na aprendizagem.

Segundo os autores do estudo, estas descobertas poderão ser extremamente úteis, não apenas para compreender a biologia e a evolução da linguagem, mas como aprendemos e também como podemos melhorar o estudo e aprendizagem de idiomas, além de contribuir, no futuro, com pessoas que padecem de algum transtorno de linguagem como o autismo ou dislexia.


Original: ¿Cómo aprendemos idiomas? Hay dos tipos de memorias responsables, según un estudio de PNAS (em espanhol)

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