É importante dizer que os três termos existem na língua portuguesa, e significam, de forma geral, aquele ou aquilo que é relativo, natural ou pertencente ao Brasil ou à sua cultura.

A palavra “brasileiro” foi criada pelos portugueses ainda no século XVI como referência aos trabalhadores responsáveis pelo corte e pela venda do pau-brasil. Apenas mais tarde foram pensados adjetivos pátrios para os nascidos no Brasil; como brasiliano, brasílico e brasiliense.

Brasiliano já era o termo utilizado, desde o século XVI, como referência aos índios; os portugueses recém-chegados preferiam ser chamados de brasilienses. Outros adjetivos não foram esquecidos, Juscelino Kubitschek inaugurou Brasília em 1961, cujos cidadãos são chamados de brasilienses.

Em certa oportunidade, o professor e dicionarista Antonio Houaiss, lamentando sobre os escândalos de corrupção e sobre os políticos que só pensam em seu próprio bem-estar, afirmou: o sufixo de nação é “ano”, como em americano, australiano, italiano, mexicano, ou “ês”, como em francês, português, inglês ou japonês. Já o sufixo de profissão é “eiro”, como em padeiro, carpinteiro, jardineiro, relojoeiro, engenheiro e, lamentavelmente, em “brasileiro”.

Ainda que o termo “brasiliano” tenha sido um pouco esquecido na língua portuguesa, prevalecendo na língua italiana, ainda é o relativo ao Brasil ou pertencente a ele; e brasílico relativo ou pertencente ao Brasil e/ou aos indígenas brasileiros ou à sua cultura.

Falaremos, pois, um pouco mais sobre brasileiro x brasiliano:

Brasiliano

Brasiliano é o termo referente ao natural do Brasil, em alternativa ao substantivo brasileiro. Em português, os adjetivos locativos possuem as terminações em: “-ino” (argentino, nordestino), “-ense” (israelense, paraense), “-ês” (francês, inglês, português) ou “-ano” (italiano, curitibano).

A terminação “-eiro” costuma ser usada em adjetivos e substantivos que designam profissões, como “mineiro”, “carpinteiro”, “torneiro”, “ferreiro”, “relojoeiro”, etc. Assim, o termo “brasileiro” é uma exceção, e isso por ter se originado da profissão de brasileiro, comerciantes de pau-brasil. O mesmo acontece com o estado de Minas Gerais, cujo gentílico é “mineiro”.

Brasileiro

O vocábulo brasileiro hoje designa aquele que nasce no Brasil. Todavia, do século XVI ao final do século XVIII, brasileiro denominava os indivíduos que se dedicavam ao negócio do pau-brasil, da mesma forma, quem se dedica à pesca das baleias, chama-se “baleeiro”; os navios que traziam os negros africanos, como escravos, para o Brasil, eram chamados navios “negreiros”; quem vivia da venda de pimenta, chamava-se “pimenteiro”; aquele que trabalha com a venda de pedras, pode ser chamado de “pedreiro”, e assim por diante.

Se prevalecessem as regras gramaticais, os nativos deveriam se chamar brasilienses.

Brasileiro, como negociante do pau-brasil, era um vocábulo tão comum e corrente que havia outra expressão relacionada ao pau-de-tinta: “fazer Brasil”. Era uma expressão corrente nos séculos XVI e XVII para designar as complexas operações da extração do pau-brasil, ou seja, a derrubada, o corte e o transporte até os portos. Em carta de 14 de abril de 1549, Duarte Coelho ao Rei D. João III, informava que “Por quanto, Senhor, este fazer de brasil que com tanta desordem fazem e é tão danoso e tão oudioso o fazer nesta Comarca d’Olynda e Santa Cruz…”.

Inclusive, não há documentos, antes do fim do século XVIII, que mencionem brasileiros àqueles naturais do Brasil. Foi só depois da independência política que o gentílico “brasileiro” se vulgarizou, ainda que “brasiliense” e até “brasiliano” fossem ainda utilizados, este segundo com menos frequência. O tempo se encarregou de predominar a anomalia gramatical, e o gentílico “brasileiro” é o que ficou para os originais do Brasil.

Em outras línguas

Em outras línguas, por exemplo, “brasileiro” é brazilian (inglês), brasileño ou brasilero (espanhol), brasiliano (italiano), brésilien (francês) e Brasilianer (alemão).

Note que as formas brasilero e brasileño são aceitas pela Real Academia Española, ainda que o gentílico recomendado no âmbito hispano seja brasileño. A forma brasilero é menos recomendada, já que deriva da forma escrita em português; ainda que esta seja a mais encontrada em países da América do Sul, por clara associação e proximidade com o Brasil. Na Espanha a forma utilizada é a padrão: brasileño.


Fontes: IHGMS, Grupo Cataratas e Conversa de Português

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