Se você está aprendendo português europeu, provavelmente já percebeu que ele está cheio de expressões curiosas. Uma delas é “amigo de Peniche”, uma frase típica de Portugal que pode confundir os brasileiros à primeira vista.
Mas afinal, o que significa ser um “amigo de Peniche”?
Signifcado de “amigo de Peniche”
A expressão é usada para se referir a alguém que finge ser amigo, mas não é confiável ou leal de verdade. É aquele tipo de pessoa que está com você nos bons momentos, mas desaparece quando as coisas ficam difíceis. Em outras palavras, é o “falso amigo”, que não se pode contar quando realmente se precisa.
No português do Brasil, temos expressões parecidas para esse tipo de amizade falsa ou interesseira, como: “Amigo da onça”, “Falso camarada”, “Amigo de ocasião”.
Todas transmitem a ideia de alguém que se diz amigo, mas não age como tal.
A expressão “amigos de Peniche” surgiu após a frustrada expedição inglesa de 1589, simbolizando aliados que prometem apoio, mas não cumprem, tornando-se sinônimo de falsos amigos na cultura portuguesa.
De onde vem essa expressão?
A expressão “amigos de Peniche” tem origem histórica na crise de sucessão portuguesa de 1580, um período em que Portugal perdeu sua independência para Filipe II de Espanha, após a morte do rei D. Sebastião e do Cardeal D. Henrique, que deixaram o trono sem herdeiros diretos. D. António, Prior do Crato, tentou reivindicar o trono, mas foi derrotado e exilado, enquanto Filipe II foi aclamado rei, dando início à União Ibérica.
Em 1589, D. António buscou apoio internacional para recuperar o trono. Uma grande expedição anglo-portuguesa, liderada pelos ingleses Francis Drake e John Norris, desembarcou em Peniche com o objetivo de tomar Lisboa e restaurar a soberania portuguesa, contando com o apoio de parte da população local e da Aliança Luso-Inglesa. Inicialmente, a operação teve algum sucesso, com a captura de Peniche, mas logo surgiram problemas: as tropas inglesas saquearam vilas portuguesas, gerando desconfiança, e não receberam o apoio popular prometido por D. António.
Além disso, o Duque de Bragança, D. Teodósio II, rival de D. António, reforçou as defesas de Lisboa ao lado dos espanhóis. Sem artilharia adequada e sem o esperado levantamento popular, os ingleses e apoiantes de D. António não conseguiram tomar Lisboa, enfrentando forte resistência e repressão por parte das forças espanholas e dos aliados portugueses.
A expedição fracassou e, menos de um mês após o desembarque, os ingleses abandonaram a campanha, deixando os apoiantes portugueses decepcionados e perguntando-se sobre o paradeiro dos “amigos de Peniche”, que prometeram ajuda mas não cumpriram. Desde então, a expressão passou a ser usada para designar falsos amigos ou aliados que falham nos momentos decisivos.
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