A língua romena (linba româna) não está entre as mais faladas do mundo, mas você certamente já ouviu falar dela. A língua romena é falada, principalmente, na Romênia e na Moldávia, países do Leste Europeu. E apesar da distância, esta língua guarda muitas semelhanças com a língua portuguesa.
Separamos a seguir algumas curiosidades para você conhecer um pouco mais sobre esta língua.
Língua românica
A língua romena (limba română) é uma língua românica (assim como o francês, italiano, espanhol e português) é falada por cerca de 28 milhões de pessoas, principalmente na Romênia e na Moldávia, países onde é língua oficial. O romeno possui classificação de língua oficial também na província de Voivodina, na Sérvia.
O romeno é também língua oficial em várias comunidades e organizações, como a União Latina e a União Europeia, a Romênia integra a União Europeia desde 2007.
Estima-se que mais 4 milhões de pessoas tenham o romeno como segunda língua em outras regiões. Os falantes do romeno encontram-se espalhados por muitos países, principalmente Itália, Espanha, Israel, Portugal, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, França e Alemanha.
Origem do romeno
Existem duas teorias que abordam as origens do romeno. A primeira diz que a população remanescente da antiga Dácia, província romana onde hoje está a Romênia, foi a responsável pelo desenvolvimento da língua romena. Também se fala em outra teoria, a de que os romenos chegaram ao território atual da Romênia somente no século X.
Antigamente, o território onde se encontra atualmente a Romênia era habitado pelos dácios, que falavam uma língua indo-europeia, a língua dácia, da qual muito pouco se sabe. Há uma teoria de que o dácio era muito próximo do latim, porém não há provas disponíveis para apoiar esta tese.
Depois da conquista romana, a Dácia se transformou numa província romana e o latim vulgar se converteu na língua usada pela administração e comércio. Há que se destacar que só uma pequena parte da Dácia (o que hoje é a Romênia) foi romanizada. A maior parte do território estava povoada por Dácios livres, os quais nunca estiveram sob o controle romano.
Registros antigos
A primeiro menção ao românico vulgar da região data do século VI, quando o bizantino Teófanes, o Confessor (Theophylactus Simocatta) relatou uma expedição militar contra os ávaros em 587, quando um tropeiro de mulas que acompanhava o exército bizantino percebeu que a carga estava caindo de um dos animais e gritou para um companheiro: “Torna, torna fratre” (que significa “Volta, volta, irmão!”).
“Retornar” em romeno moderno é intoarce, toarna hoje significa “verter, despejar líquido” ou “entornar o caldo”.
Outro registro do romeno antigo é encontrado na “A carta de Neacșu de Câmpulung” que é o documento conhecido mais antigo em língua romena. Escrita usando o alfabeto cirílico, foi enviada por Neacșu Lupu a Johannes Benkner, de Brașov, Transilvânia, para avisá-lo do iminente ataque do Império otomano. Foi descoberta por Nicolae Iorga nos arquivos de Brașov, onde continua atualmente.
A carta de Neacșu de Câmpulung a Hans Benkner de Brașov foi provavelmente escrita a 29 ou 30 de junho de 1512, na cidade de Câmpulung. A data não aparece mencionada na carta, mas pode ser deduzida dos acontecimentos e das pessoas que se mencionam nela.
O romeno foi escrito tanto em alfabeto latino quanto alfabeto cirílico até o século XIX. Apenas em 1860, a ortografia de base italiana do romeno foi estabelecida e regulamentada.
Declinações
Graças ao seu isolamento geográfico, o romeno foi provavelmente a primeira língua neolatina que surgiu, e até a era moderna não foi influenciada por outras línguas românicas, assim sua gramática é aproximadamente similar à do latim, mantendo declinações, ao contrário de outras línguas românicas, e o gênero neutro.
Declinação é a flexão sofrida por nomes, adjetivos ou pronomes segundo os gêneros, números e casos. Por exemplo, a palavra romena “cal” (cavalo), no plural é “cai” (cavalos), no singular masculino “o cavalo” é “calul” e no plural masculino “os cavalos” é “caii”. Ou seja, há uma mudança na palavra, não apenas no artigo.
Influências de outras línguas
O romeno tem origem no encontro da língua dácia com o latim, onde se acredita que surgiu o “proto-romeno”, porém a língua romena sofre influência de diversas outras línguas, como as línguas eslavas.
Embora a maior parte da gramática e morfologia romena se baseie no latim vulgar, a língua romena apresenta alguns traços que não são encontrados em outras línguas românicas, como influência do búlgaro e macedônio (línguas eslavas), do albanês (língua traco-ilírica) e do grego.
A influência eslava é sentida tanto na fonética quanto no léxico (palavras que formam o idioma). Até 20% do vocabulário romeno é de origem eslava. A influência eslava foi a primeira ocorrida durante a formação da língua romena, devido à migração das tribos eslavas.
Até o século XIX, o romeno entrou em contato com algumas línguas próximas:
- alemão (por exemplo: cartof < Kartoffel; bere < Bier; șurub < Schraube)
- grego (por exemplo: folos < ófelos; buzunar < buzunára; proaspăt < prósfatos)
- húngaro (por exemplo: oraș < város; a cheltui < költeni; a făgădui < fogadni)
- turco (por exemplo: cafea < kahve; cutie < kutu; papuc < papuç)
No século XIX, muitos neologismos de outras línguas românicas, especialmente do francês e do italiano, entraram na língua romena (por exemplo: birou, avion ou exploate). Estima-se que aproximadamente 38% das palavras romenas são de origem francesa ou italiana.
Recentemente entraram muitas palavras inglesas na língua, como gem (jam), interviu (interview), meci (match), manager (manager). Essas palavras recebem gênero gramatical e concordam conforme as regras romenas.
Música de sucesso mundial
Há uma música romena que fez muito sucesso no Brasil no mundo, trata-se de “Dragostea din tei” (pronuncia-se [ˈdraɡoste̯a din ˈtej]; em romeno para “Amor de Tília”), gravada por O-Zone, uma boy band de música eletrônica da Moldávia.
“Dragostea din tei” alcançou o topo das paradas musicais em diversos países da Europa durante o ano de 2005. Ainda em 2004, o cantor Latino lançou sua versão em português sob o nome de “Festa no Apê”. Embora seja uma versão de “Dragostea Din Tei“, a canção também utiliza a melodia de outra canção de O-Zone, “Despre tine”.
Alfabeto e Pronúncia
O alfabeto romeno é baseado no alfabeto latino, e possui 5 letras adicionais. Inicialmente havia 12 letras adicionais, mas algumas desapareceram com as reformas subsequentes. As letras Q, W e Y não fazem parte do alfabeto romeno, sendo empregadas apenas em nomes estrangeiros.
Ler a língua romena requer o aprendizado de algumas regras, bem similares às da língua italiana.
- As letras “c” e “g” são pronunciadas respectivamente /k/ e /g/, exceto diante de “e” e “i”
- h representa /h/
- j representa /ʒ/
- â e î representam o fonema /ɨ/
- As letras com uma vírgula abaixo Ș e Ț representam os fonemas /ʃ/ e /s/,
- Um i escrito no final da palavra e após uma consoante representa a palatização da dita consoante, (ex.: lup /lup/ “lobo” e lupi /lup‿i/ “lobos”).
- ă representa o fonema /ə/.
Letras “c” e “g” possuem uma pronúncia especial (idêntica à do italiano) quando usadas nos seguintes grupos de letras:
Grupo | Som | Exemplos |
---|---|---|
ce, ci | /tʃ/ | tch em tcheco |
che, chi | /k/ | qui em quilômetro |
ge, gi | /dʒ/ | j na palavra inglesa jet |
ghe, ghi | /ɡ/ | gu em guia, guerra |
Palavras comuns e semelhantes
Romeno (indivíduo): “Român” (masc.) – “Româncă” (fem.)
Olá: “Salut!” ou “Salutare!“
Como vai?: “Ce faci?” (informal) ou “Ce mai faci?“
Qual é o seu nome?: “Care e numele tău?” ou “Cum te cheamă?“
Adeus: “La revedere!“
Tchau: “Pa!“
Por favor: “Vă rog“
Obrigado(a): “Mulțumesc“
Sim: “Da“
Não: “Nu“
Você fala português?: “Vorbiți portugheza?”
Não entendo: “Nu înțeleg“
Você fala romeno?: “Vorbiți românește?“
Que horas são?: “Cât e ora?“
Você poderia escrever isto?: “Puteți să notați?“
Qual é a sua ocupação?: “Cu ce vă ocupați?“
Sou estudante: “Sunt student.“
Estou muito feliz: “Sunt foarte fericit.“
Fonte: Wikipedia