A palavra utilizada para expressar relação de sentido entre duas ideias é a preposição, que tem este nome, por ser colocada numa posição antes da palavra que é regida (comandada) pela palavra regente (que comanda).

A preposição é muito importante, por evitar que a língua se torne uma “colcha de retalhos”. Veja expressão abaixo: Libro Petro (regente + regido).

Em muitas línguas, bastaria juntar as duas ideias para estabelecer a relação de posse entre “Libro” e “Petro”. Entretanto, devemos sempre lembrar que o Esperanto é uma língua internacional e, por isso, se ajusta ao pensamento mais global possível entre os falantes de todas as línguas humanas. Por isso, usa-se uma palavra para ligar ambas as ideias: “de“.

Libro de Petro.
Livro de Pedro.

As preposições, em Esperanto, não variam, ou seja, não sofrem mudanças. São escritas, sempre, da mesma forma.

Outros exemplos: Mi loĝas Brazilo (regente + regido)

Precisamos de uma palavra para ligar a ideia regente (mi loĝas) à ideia regida (Brazilo), estabelecendo relação de lugar. Nessa frase usamos: “en”.

Mi loĝas en Brazilo.
Eu moro no Brasil.

Mais um exemplo: Mi vojaĝos Brazilo (regente + regido)

Precisamos de uma palavra para ligar a ideia regente (mi vojaĝos) à ideia regida (Brazilo), estabelecendo relação de direção. Nesta frase usamos: “al”.

Mi vojaĝos al Brazilo.
Eu viajarei ao Brasil.

Ainda outro exemplo: Mi skribas la krajono (regente + regido)

Precisamos de uma palavra para ligar a ideia regente (Mi skribas) à ideia regida (lkrajono), estabelecendo relação de instrumento. Nesta frase, usaremos: “per”.

Mi skribas per la krajono.
Eu escrevo com o lápis.

Já falamos aqui sobre o acusativo (a letra “n”). Perceba que nenhuma ideia que vem depois da preposição usa a letra “n”, pois as palavras que a seguem estão no nominativo, portanto, sem a letra “n”!

O sentido das preposições em Esperanto é claro e preciso. Numa frase em português, como “O orador falou sobre um ônibus”, é possível uma incompreensão. Pode-se entender que ele falou a respeito de um ônibus ou que ele teve que subir em um ônibus para falar. Esta ambiguidade é resolvida da seguinte forma:

La oratoro parolis pri buso (O orador falou sobre um ônibus = a respeito do ônibus)

La oratoro parolis sur buso (O orador falou sobre um ônibus = ele subiu em um ônibus)

Outra frase ambígua: “Eu pensei em você”. O sentido da preposição “em”, em português, é de “sobre”, “a respeito de”. Se a ideia for traduzida literalmente, será usada a preposição “en” (em, dentro de). Ela é inadequada, pois não dará o sentido necessário ao entendimento da frase. O correto é:

Mi pensis pri vi (Eu pensei em você = literalmente, “eu pensei sobre você”; “eu pensei a respeito de você”)

Preposição Indefinida

Como você já sabe, as preposições são palavras que ligam dois termos: a ideia que comanda (regente) é ligada à ideia comandada (regida) por uma palavra “pré-posicionada” antes dela:

Libro de Petro (regente + preposição + regida)

O sentido das preposições, em Esperanto, é bastante preciso e promove a clareza da transmissão das informações. Vejamos as frases em português:

  • Eu passeio com meu filho.
  • Eu escrevo com um lápis.

As duas frases têm a preposição “com”. Porém, seus significados são diferentes, gerando para cada frase um sentido. Na primeira, “com” indica companhia. Na segunda, “com” localiza-se diante do instrumento usado para fazer determinada tarefa. Tais frases são assim traduzidas:

Mi promenas kun mia filo.
Eu passeio com meu filho.

Mi skribas per krajono.
Eu escrevo com um lápis.

Está clara a relação de sentido, pois as preposições “kun” e “per” indicam, respectivamente, companhia e instrumento. Esta lógica não prevalece em português, no qual uma preposição como “de” tem um uso muito vasto, já que pode indicar posse, composição, quantidade e causa, entre outras coisas:

  • Casa de Maria (a casa pertence à Maria)
  • Mesa de madeira (a mesa é feita de madeira)
  • Grupo de pessoas (o grupo contém pessoas)
  • Chorar de dor (o choro ocorre em razão da dor)

Para cada caso, a preposição utilizada em Esperanto é adequada para ligar ambas as ideias:

  • Domo de Maria = Casa de Maria (a casa pertence à Maria)
  • Tablo el ligno = Mesa de madeira (a mesa é feita de madeira)
  • Grupo da personoj = Grupo de pessoas (o grupo contém pessoas)
  • Plori pro doloro = Chorar de dor (o choro ocorre em razão da dor)

Caso alguma preposição não possa expressar a relação de sentido de maneira tão precisa, o Esperanto possui uma espécie de “coringa linguístico”. Uma preposição que não tem significado próprio (preposição indefinida), mas dá conta do sentido, que outra preposição não pode expressar: “je

Observe a frase: “Ele crê em Deus”.

Na tradução, não se pode usar a preposição “en” (em, dentro de). Não faz sentido dizer “Mi kredas en Dio”. Como não há outra preposição adequada, a frase é traduzida por:

Mi kredas je Dio.
Eu creio em Deus.

Outro exemplo: Conto com você.

Este “com” não expressa companhia, nem instrumento. O sentido da frase é o de contar com seu apoio, seu incentivo. Não faz sentido, portanto, traduzi-la por “Mi kalkulas kun vi” ou “Mi kalkulas per vi“, mas sim por:

Mi kalkulas je vi.
Conto com você.

Apesar da preposição em questão ser indefinida, por não ter um significado próprio, ela possui múltiplos significados, dependendo da frase que é utilizada, e só pode ser usada quando nenhuma das preposições for adequada. Assim, não faz sentido dizer: “Domo je Maria”. Sabemos que a preposição adequada é “de“, que estabelece perfeitamente a relação de sentido entre ambas as ideias, ocasionando a tradução: “Domo de Maria”.

Portanto, quando nenhuma preposição for adequada, pode-se usar a preposição indefinida “je“:

A preposição “je” tem alguns usos mais pontuais. Por exemplo, para expressar horas: A que horas vocês vão se encontrar?

Nesta frase, não há uma palavra para expressar o sentido da palavra “a”. Seria estranho dizer, por exemplo: Al kioma horo vi renkontiĝos?

A palavra “al” (a, para) expressa direção, mas seria inadequada nessa frase, pois seria incapaz de fazer a devida relação do sentido das ideias. Tradução adequada:

Je kioma horo vi renkontiĝos?
A que horas vocês vão se encontrar?

Resposta possível: Je la tria horo (Às três horas)

O “je” também pode expressar datas:

Je la dudek-sesa de junio du mil dek tri.
Em vinte e seis de junho de 2013.

Se não desejarmos utilizar a preposição, podemos omiti-la, colocando em seu lugar a letra “n” do acusativo na palavra ou expressão que vem após a preposição “je“:

Je kioma horo vi renkontiĝos? = Kioman horon vi renkontiĝos?
A que horas vocês vão se encontrar?

Je la tria horo = La trian horon.
Às três horas.

Je la dudek-sesa de junio du mil dek tri = La dudek-sesan de junio du mil dek tri.
EM vinte e seis de junho de 2013.

Este acusativo, portanto, pode ser usado para substituir a preposição a fim de atingir precisamente o “alvo” da palavra que a segue.


Fonte: “O Esperanto é muito mais!”

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