O Albanês (Gjuha Shqipe) é uma língua indo-europeia falada principalmente na Albânia, Sérvia, Kosovo, Macedônia do Norte, Montenegro, Grécia e Itália (arbëreshë). Existem dois dialetos principais: Tosk e Gheg.

  • Língua oficial: Albânia, Kosovo e Macedônia do Norte (cooficial)
  • Região: Bálcãs, Península itálica e Sicília.
  • Falantes: Aproximadamente 7 milhões.
  • Família: Indo-europeu > Ilírico > Albanês.

Origem

Segundo etnologistas e estudiosos de linguística, arqueologia e antropologia, o povo albanês é a raça mais antiga do Sudeste da Europa, descendente dos antigos ilírios, um povo quase contemporâneo dos lusitanos (aproximadamente século IV a. C.).

A língua albanesa é um idioma único, distinto do falado nos países da península balcânica, com acréscimos de palavras do grego antigo, do latim, alguma admissão do turco, do eslavo, do italiano e palavras célticas esparsas.

Conforme fontes históricas disponíveis, o termo “Ilírio / Ilíria” que significa a “terra dos livres”, ocupava toda a parte oeste da península balcânica. Os ilírios eram um povo indo-europeu que habitou o oeste dos Bálcãs e partes do sul da Itália no início da Era Cristã. Os ilírios não eram um corpo unificado, mas um grupo de várias tribos distintos. Essas tribos, contudo, possuíam uma cultura comum e línguas relacionadas.

História

A primeira menção a uma língua albanesa foi por intermédio de um monge francês em 1332, ainda na época do Império Bizantino. O texto mais antigo conhecido em albanês é de 1462. O alfabeto moderno foi definido no século XIX, com a independência da Albânia (do Império Otomano), quando a língua de fato ganhou expressão literária abundante.

Estudiosos consideram a língua albanesa como sendo a única representante atual do ramo ilírico de línguas da família indo-europeia, à qual teriam pertencido o ilírio e o messápico. Há, no entanto, muito debate no sentido oposto a isto. Outras fontes os ligam aos dácios e/ou aos trácios. O que é de ampla aceitação, no entanto, é que teriam surgido em uma região montanhosa acima da Linha Jireček, descendendo de alguma população paleo-balcânica.

O nome arbëresci (arvanitas) que provém do nome étnico arbër-esh (arbën-esh no dialeto setentrional) deriva de Arbër, o antigo nome da Albânia, que tem suas origens na denominação de uma tribo ilírica, os Albanoi, mencionados por Ptolomeu em sua Geografia, no século II d.C.

Este antigo nome sobreviveu no termo latino albanenses, no italiano albanese, no grego arvanitis, no turco arnaut, entre outras, mas nos últimos séculos esse termo tem sido substituído pela palavra shqip-tar, e o nome do país por Shqip-ne ou Shqip-ë-ria, que deriva do advérbio shqip, cujo significado original deriva da palavra shqiponja (águia) pelo que o nome do país se chama Shqipëria ou “país das águias”, substituindo o advérbio arbën-isht / arbër-isht.

As primeiras manifestações literárias em albanês, especialmente no dialeto gheg, datam do século XVI, mas a forma dialetal que irá se impor oficialmente na Albânia a partir de 1952 é o dialeto tosk. Mesmo se tratando de uma das línguas mais antigas dos Bálcãs, o albanês, como o romeno e o lituano, não possui evidências escritas com registros antigos. Os primeiros textos procedem de frases e palavras isoladas em documentos escritos em outras línguas.

O texto mais antigo em albanês é uma breve fórmula batismal que data de 1462, escrita no dialeto gheg, assim como versículos do Novo Testamento seguidos de um pequeno fragmento de um hino da Páscoa Ortodoxa escritos no dialeto tosk. Foram usados para estes textos os alfabetos grego e latino. O livro mais antigo impresso em albanês é o Mëshari (O Missário), de 1555, por Gjon Buzuku, escrito em gheg, enquanto A Doutrina Cristã de 1592 por Matranga foi escrito em arbëresci e mostra características do dialeto tosk.

Já no século XVII, em plena Contrarreforma, existem um dicionário latino-albanês (Frang-Bardhi, 1635), as traduções e adaptações de Dottrina Christiana (1618), Rituale Romanum e Speculum Confessionis (1621), todas escritas por Pjetër Budi, e a extensa peça de Pjetër Bogdabi Cuneus Prophetarum (1685), obras que marcam o início da autêntica literatura albanesa. A existência de obras religiosas dispersas produzidas nos séculos XVI e XVII se originou na área de influência do dialeto gheg sendo reflexo da atividade missionária católico-romana.

No século XIX, devido à hostilidade turca, a literatura albanesa prospera unicamente nas comunidades fora do país, onde os arbëreshë terão um papel predominante na formação do Rilinja Kombëtare, o Movimento Renascentista Albanês. Talvez a obra literária de certa expressão seja a do poeta do século XVIII Gjul Variboba, do enclave de Santo Giorgio na Calabria. Durante o século XIX a produção literária continuou nos enclaves italianos, o que não ocorreu nos enclaves gregos. Todos esses documentos mostram uma língua que difere pouco da atual, mesmo procedendo de diferentes regiões e épocas, mostram certas peculiaridades dialetais que ajudam no estudo da linguística.

A língua oficial se baseou no dialeto gheg de Elbasan desde o começo do Estado albanês até 2ª Guerra Mundial e a partir de então tem sido modelada pelo dialeto tosk. Na Sérvia, os falantes de albanês na região do Kosovo (região oficialmente bilíngue em sérvio e albanês) e na Macedônia do Norte falam as variantes orientais do dialeto gheg.

Dados

O número total de falantes de albanês é de cerca de 7 milhões de pessoas, cerca de 4 milhões só na Albânia e Kosovo. Porém, há falantes de albanês também na Macedônia do Norte (aprox. 500 mil), Montenegro, Sérvia, e em comunidades na Grécia e Itália.

Dialetos

A língua albanesa possui 3 variantes: o tosk ao sul e o gheg ao norte da Albânia, separados pelo rio Shkumbi, e o arbëresci (arbëresh) e arvanitika. Essas duas últimas variantes são faladas por centenas de pessoas no sul da Itália, na Sicília, emigradas nos séculos XV ao XVIII, e na Grécia, no Peloponeso e em algumas ilhas do mar Egeu, emigradas no século XIV.

A divisão dos dialetos, meridional e setentrional, começa já no século X e sua distinção é particularmente fonética. Tanto o tosk como o gheg são inteligíveis entre si. Os falantes de gheg constituem 2/3 do total de falantes de albanês.

Cada um destes dialetos tem por sua vez suas variantes. O gheg se divide em três classes: setentrional, central e meridional, dividindo-se o setentrional em noroeste e nordeste, separados por uma linha que passa a leste de Teth, a 70 km a nordeste de Skodër, e continuando pelo curso do rio Shalë em direção a oeste de Pukë. O tosk possui duas variantes: uma setentrional e outra meridional, subdividindo-se esta última nas variantes de Çamëria e Labëria.

Todos os dialetos albaneses falados em enclaves italianos e gregos são da variedade tosk e parecem estar relacionados estreitamente com o subdialeto de Çamëria, do extremo meridional da Albânia. Esses dialetos foram o resultado de deslocamentos de populações que ainda não foram bem estudados e que ocorreram entre os séculos XIII e XV. Os enclaves italianos, quase 50 povoamentos dispersos, foram provavelmente fundados por emigrantes do período do domínio turco-otomano. Há uns poucos dialetos isolados de origem tosk meridional falados na Bulgária e na trácia turca, mas de data incerta. A língua, todavia, se usa em Mandritsa, Bulgária, perto de Kilkís na Grécia e procede do período das Guerras do Bálcãs. Há um enclave tosk próximo a Melitopol na Ucrânia que parece ser um recente assentamento de búlgaros. Os dialetos albaneses de Ístria, dos quais existe apenas um texto, e de Syrmia, que não possui nenhum, estão extintos.

Escrita

Após várias tentativas de criar alfabetos próprios: elbasan, büthakukye, argyrokastron, a partir do Congresso de Monastir, em 1908, onde hoje é Bitola, na Macedônia, estabeleceu-se que o alfabeto romano com algumas modificações seria destinado a servir de suporte para a escrita albanesa. Tradicionalmente, escrevia-se o gheg no alfabeto latino e o tosk no alfabeto grego, com algum indício do uso do alfabeto cirílico e do turco-otomano para ambos.

O alfabeto albanês moderno (alfabet shqip) é uma variante do alfabeto latino usado para escrever a língua albanesa, composto por 36 letras.

Gramática

A língua latina cedeu inumeráveis préstimos à albanesa: por exemplo, enquanto os vocábulos para parentes diretos são em sua maioria de origem indo-europeia, os para parentes indiretos são de origem latina: emtë — tia, do latim amita; kushrî — primo, do latim consobrinu(m); fëmi — filhos, prole, do latim familia. Também é latina a terminologia cristã e vocábulos que se referem à vida social, qytet — cidade, do latim civitate(m); ligje — lei, do latim lege(m), e à vida intelectual (kujtue — pensar, do latim cogitare; kuvênd — assembleia, reunião, discurso, do latim conventu(m).

O acento tônico é usado normalmente na penúltima sílaba. Existem dois gêneros no albanês: o masculino e o feminino, mas algumas palavras têm gênero neutro, são vestígios do gênero neutro da língua, algo típico do indo-europeu. A ordem da oração é normalmente sujeito-verbo-objeto, mas essa ordem é mais livre que em outras línguas.

A numeração de 1 a 10 é: një, dy, tre/tri, kat¨wer, pesë, gjashtë, shtatë, tetë, néndë, dhjetë, 11 njëmbëdhjetë, 12 dymbëdhjetë, 20 njëzet, 30 tridehjetë, 40 dyzet, 100 (një)qind. Confira aqui as regras de numeração em albanês.

Curiosidades

Fato curioso da língua albanesa é que 60% do seu léxico (vocábulos da língua) tem origem latina, ou seja, foi influenciado pelo latim, e isso se deve à sua proximidade com a península italiana, contrariando uma primeira ideia, de que seria de maior influência e afinidade com o léxico grego.

A influência latina foi historicamente mais forte, tornando a língua albanesa quase como uma “língua latina honorária” ou “membro adotivo” da família de línguas latinas — junto ao inglês e maltês — línguas que não são latinas em sua origem, mas são bastante latinizadas em seu vocabulário, gramática e sintaxe.

Observe alguns exemplos:

AlbanêsPortuguêsLatim
punojtrabalharpunire
arouroauru
femërfêmeafemina
fqinjvizinhovicinu
kishëigrejaecclesia
kryqcruzcruce
kuvendparlamentoconventus
plumbchumboplumbu
llargulongelargu

Vocabulário básico

Olá!Përshëndetje!
Bom dia!Mirëmëngjes!
Boa tarde!Mirëdita!
Boa noite!Mirëmbrëma!
Boa noite! (ao se despedir)Natën e mirë!
Adeus!Mirupafshim!
Tchau!Tung!
Até logo!Shihemi më vonë!
SimPo
NãoJo
Por favorJu lutem
Obrigado(a)!Faleminderit!
Muito obrigado(a)!Shumë faleminderit!
Por nada!Te lutem!
Perdão!Më vjen keq!
Quanto custa por favor?Sa është çmimi, ju lutem?
DesculpeMë falni
Não compreendoKëtë nuk e kuptoj.
Eu não falo albanês.Unë nuk flas shqip.
Onde é o banheiro, por favor?Ku është banja, të lutem?

Como aprender albanês?

Os recursos disponíveis online para aprender albanês são limitados. Contudo, existem alguns materiais de qualidade que todo estudante deveria conhecer e utilizar:

Euronews Albania — canal de notícias em albanês.

lingohut — vocabulário com áudio.

Omniglot — visão geral da língua albanesa (em inglês)

Wikipedia — sobre a língua albanesa (em inglês)


Fontes: Um olhar sobre a Albânia

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