A pronúncia de 3.600 palavras no modo como elas eram pronunciadas na Itália, entre os anos de 1924 e 1965, está reunida na obra considerada o “Atlante” linguístico italiano. O trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade de Turim (Torino). A missão: preservar do tempo as línguas locais faladas no país.
As informações foram conservadas nos arquivos da universidade. São 8.855 fotografias tiradas durante as investigações e mais de 5 milhões de fichas com respostas em dialeto.
Segundo a última análise do ISTAT, realizada há dez anos sobre a língua italiana, em 72% dos casos, o italiano é o único idioma utilizado no país. Entretanto, ainda há 20% da população que utiliza o dialeto local e 8% que usam apenas a sua língua territorial, principalmente nas regiões com estatutos especiais.
Os cartógrafos que mapeiam as palavras perdidas dos dialetos da Itália
“Quem embarcaria em outro empreendimento como este? Este é um testemunho único da nossa história nacional” observa Giovanni Ronco, professor da Universidade de Torino, olhando para os grandes e grossos volumes, de capa azul, que compõem o Atlas Linguístico Italiano. Apesar do nome, é uma coleção que mostra como eram pronunciadas algumas palavras nos diferentes dialetos da Itália. A obra, criada em 1924 por Matteo Giulio Bartoli, foi criada em Turim por cerca de dez editores-cartógrafos com a missão: “Preservar as nossas línguas locais, visto que daqui a 50 anos ninguém as falará mais” acrescenta Sabrina Specchia.
O certo é que no último século os dialetos se transformaram profundamente, dada a influência do italiano “padrão”. As palavras que ouviremos neste verão, nas férias, são diferentes de antes. “Por isso o Atlas tem ainda mais valor: é a única fotografia verdadeira dos nossos dialetos” explica Ronco.
As pronúncias das 3.630 vozes escolhidas foram coletadas entre 1924 e 1965. O primeiro a realizar pesquisas entre os falantes foi Ugo Pellis. Aqueles que deveriam fornecer a matéria-prima, ou seja, os “falantes nativos” dos territórios do estudo, cerca de mil localidades em toda a Itália, foram cuidadosamente selecionados. “Nas atas das entrevistas você encontra seus nomes, sua profissão, mesmo que a pronúncia seja influenciada pela falta de um dente”, revela Specchia.
As informações são armazenadas nos arquivos da universidade. Aqui estão, então, 8.855 fotografias tiradas durante as investigações, mais de 5 milhões de fichas com respostas em dialeto, as transcrições fonéticas divididas por lema e colocadas nas fichas. Assim, descobrimos, por exemplo, que “cabelo” em certas áreas da província de Turim é chamado de “kavii”, mas o “kavei” é muito mais difundido.
“Depois de muitos problemas relacionados com a transcrição e impressão, só conseguimos começar a publicar os volumes em 1995, divididos por temas: partes do corpo, casa, nutrição. O nono será lançado até o final do ano”, confidencia Lorenzo Massobrio, professor e diretor do Atlas. Mas desta vez a edição não será mais editada pelo Instituto Poligráfico do Estado, como no passado, mas pelos editores da Universidade, que cuidarão de tudo, desde a transcrição no computador até o posicionamento no mapa fonético. Eles, os últimos geógrafos de uma Itália da qual nunca mais teremos notícias.
O jornal italiano La Stampa traz a matéria original sobre o trabalho realizado (em italiano).
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